Libri I — Do Magick

Palavras Iniciais

Por Frater Albertus Rabelais

Todos aqueles que resolvem escrever a “obra” a respeito das transformações individuais, sempre utiliza estudos antigos de outros mestres para catalisar suas idéias. No mundo atual onde vivemos um misto de realidade e fragmentação quântica, a maioria das pessoas ainda procura um chão sólido para firmar suas idéias. Muitos procuram o conforto de uma realidade palpável e que possa ser mensurada por padrões, dogmas e números.

A cada momento as transformações ocorrem a nossa volta e o indivíduo deve estar preparado para as mesmas, sendo que tentar torná-las imperceptíveis é sinônimo de cegueira e total falta de responsabilidade. Quando começamos a observar que as coisas a nossa volta não são como pensamos, vem um choque, uma constatação de que não temos controle algum sobre os fatos. Muitos tentam se refugiar no cartesianismo e num útero de crenças, para não arcar com a responsabilidade do conhecimento e da crueza da realidade.

Estudar Magick em si já é algo diferente e mostra que o indivíduo olhou acima de um muro do comum e do rotineiro. A idéia de que existe algo além do véu do cotidiano, encanta muitos, e até tenta-se transformar isto num elemento de status, alimentando o fraco ego, daqueles que se dizem donos do conhecimento.

Vamos tentar deixar de lado estas tolices, ou melhor alertar que isto é mais uma armadilha imposta por aqueles que se deixam levar por tolas paixões. O grande segredo de tudo isto é enxergar que temos um elemento de transformação em nossas mãos, disponível para todos aqueles que desejam se livrar das prisões do comum e do falso. Estas ferramentas dependem unicamente da habilidade do operador em realizar as transformações necessárias para sua mudança.

Mas o que consiste nesta mudança ?

Antes de tudo uma tomada de consciência de que estamos sendo constantemente conduzidos, ou seja levados por meios e forças sociais que nos impelem. Desde da mais tenra idade o indivíduo é conduzido, ou seja é levado por outros indivíduos e associaçoes que o incentivam a criar dependências. O homem é um produto mal acabado, mal feito de algo maior, ele não pode fazer determinadas coisas ou pensar e ter certas dúvidas, pois estará caindo em pecados impostos por dogmas.

Criam-se leis e morais para a grande maioria, mas seus criadores não as utilizam, transformam o homem em animal irracional, escravo de vontades e paixões, e fazem esquecer que ele é produto do cósmico. Assim toda e qualquer manifestação de melhoria é enterrada sob toneladas de negações e de “teorias” que tentam diminuir a essência real do homem. Qual foi o resultado deste processo ?

A animalização do homem. A total valorização de suas paixões, a constante “ampliação” de seus desejos, transformando-o num ser que necessita de bens e status de uma sociedade decadente e composta de falsos desejos. Mas para que tudo isso ? Apenas para saciar um ego que esqueceu sua parte que é envolvida por diariamente por rituais e exposições feitas por outros indivíduos que o querem manter dentro desta prisão.

A partir do momento que tomamos conhecimento disto vem os choques de realidade. O Processo de Geração de Dúvidas

As dúvidas aparecem por haver algo de estranho num determinado momento ou fase existêncial. Muitos podem apenas ter uma pequena desconfiança de algo, outros poderão ver a conspiração por trás de tudo, mas as dúvidas aparecem.

Uma forma de tentar suprimir as dúvidas, ou então bani-las para o limbo de nossa mente é nos ocuparmos com afazeres que alimentem nosso lado mais animal e menos intelectual. A competição que nos é imposta em busca de símbolos de status, é uma maneira de gerar o torpor e fazer com que esqueçamos estas dúvidas. Parece que existe um interesse generalizado em abafar e suprimir estas dúvidas.

Contudo alguns começam a se questionar sobre estes mecanismos e começam a procurar algo além destes desejos. O resultado é que na maioria dos casos gera-se uma ruptura e aquele indivíduo é automaticamente segregado. Dependendo de sua vontade, em pouco tempo ele correrá novamente junto com a maré do senso comum, e esquecerá toda esta “bobagem metafísica”, voltando a boa e velha realidade.

O problema é que estão começando a aparecer rachaduras nestes conceitos, pequenas falhas e que estão gerando comportamentos dos mais diferentes tipos. Um deles a violência é o paroxismos desta animalização, juntamente com a sede de poder que também serve como elemento de repressão destas “filosofias”.

O que vemos então é que estamos no ápice do movimento de supressão do homem, ou seja as dúvidas hoje são enterradas com prêmios e benesses, mas que podem ser perdidas a qualquer momento pelos indivíduos. Neste caso a mesma mão que dá, é a que tira...

Mas por que levantar estas perguntas ? Tentar mostrar para quem não quer enxergar tudo isso ?

A verdade é que caminhamos para um processo de destruição, ou seja o efeito colateral deste processo que estamos vivendo é o início desta derrocada, mas os erros continuam sendo cometidos, e exaltados.

O Magick em si

Poderíamos definir o Magick como :

e“

agick é a Ciência e a Arte de causar mudanças de acordo com a Vontade.

(complemento: é meu desejo informar ao mundo certos fatos do meu conhecimento. Eu, portanto, tomo as "armas mágicas" caneta, tinta e papel e escrevo " encantamentos" estas frases em linguagem mágica, isto é, a qual é entendida por pessoas que desejo instruir. Invoco "espíritos" tais como tipógrafos, editores, livreiros e assim por diante e os instruo a passar a minha mensagem áquelas pessoas. A composição e distribuição é um ato de Magick pelo qual provoco mudanças de acordo com minha Vontade).”

Mas que vontade é esta ? Nós temos a vontade de realizar algo ? Por que não realizamos ? A tomada de consciência da dita “vontade” já é um processo de revolução interior, ou seja olhar muito além do muro, como comentado anteriormente.

O problema que este processo quebra com os dogmas do indivíduo e o leva a passar pelas “ordálias” da iniciação, que são o processo de quebra de seu eu, e da sua situação. Cada ordália é uma nova situação a ser passada e encarada no processo da mudança do indivíduo. O Magick vai funcionando assim impulsionando cada vez mais e gerando um fortalecimento na vontade.

Já o que vem a ser o Magick Digital ?

O Magick Digital é uma maneira de utilizar a Internet e os conhecimentos do Magick, e assim desenvolvermos, ou mlehor quebrarmos nossas limitações, alcançando assim a nossa verdadeira vontade. O início é muito nebuloso, já que existem mais dúvidas do que certezas a serem mostradas. Utilizar a Internet como um grande oráculo, em busca de respostas a diversas perguntas, pode ser algo muito interessante, já que nunca na história do homem, o conhecimento esteve ao alcance de todos.

Simbolismo

Nosso símbolo inicial do trabalho é o seguinte :

SCIENTIA

VOLUNTAS DILECTIO

O 01 representa os estados iniciais do indivíduo, ou o 01 da computação binária. Os numerais de 1 a 8 representam os 8 circuitos mentais do qual o indivíduo terá que navegar. As palavras Scientia, Dilectio, Lux e Volutas representam as aspirações de nós todos que desejamos almejar a nossa verdadeira vontade. Os oito lados representam os 8 bits utilizados hoje no mundo digital e as oitavas universais, envoltos pelos círculos que tudo congregam. Pode ser utilizado pelo operador no seu início de caminhada como um amuleto.

O amuleto é apenas uma representação inicial de uma idéia, uma maneira de canalizarmos nosso potencial para conseguirmos conseguir a concentração suficiente para iniciarmos o trabalho de percepção.

Palavras Finais

Este primeiro trabalho tem como objetivo começar a delinear o nosso trabalho. Lembramos

que as experiências pessoais a partir de agora devem ser observadas e se possíveis anotadas. Esperamos que todos nós possamos realizar nosso processo de transformação.

Amor é a lei, amor sob vontade